A sangue frio - Truman Capote

quinta-feira, agosto 17, 2017


Pra você que não assistiu ao vídeo e, portanto não sabe, quando li A sangue frio foi para uma matéria do curso de Jornalismo. Ele marca justamente isso, foi o primeiro “romance não ficcional” considerado o primeiro do novo jornalismo, teve os seus quatro capítulos publicados na revista The New Yorker e acabou virando filme em 2005 com o ator Philip Seymour Hoffman no papel do autor Truman Capote.


Após ler uma notícia sobre o assassinato dos quatro membros da família Clutter no New York Times, o autor decide ir até a cidade de Holcomb, no estado do Kansas, para entrevistar familiares das vítimas e dos criminosos, lendo cartas e diários, observando as investigações e recolhendo documentos oficiais.

A investigação jornalística de Capote, que demorou seis anos e meio para virar um livro, lançado em 1965, narra a verdadeira história de uma dupla de assassinos, Perry Smith e Richard Hickock, que invadiram a fazenda River Valley à procura de um suposto cofre.

Ao perceber que o cofre de fato não existia, Perry resolve amarrar suas vítimas de forma cuidadosa, deixando até mesmo um travesseiro abaixo da cabeça de uma delas para se sentir confortável, matando-as em seguida. A família, que servia como exemplo e era adorada por todos na cidade, foi brutalmente assassinada em suas terras.

O crime, que aconteceu em meados de novembro de 1959, deixou a população da pequena e tranquila cidade, a uns 110 quilômetros da divisa entre os estados de Kansas e Colorado, horrorizada e com um medo nunca visto antes.
               
Capote, que um dia chegou a ser considerado doente mental, interessa-se pela investigação do crime, encontrando resquícios do seu ego dentro da história. Além da frieza e da determinação dos assassinos, Truman também pode ser considerado herdeiro de tais adjetivos.
          
Rumores afirmaram que o autor teve um relacionamento amoroso com Perry Smith, o que o ajudou a detalhar exageradamente a personalidade do assassino. Quanto à sua determinação, Truman não acompanhava as investigações com um gravador, utilizava apenas sua própria memória.
                
Devido à riqueza de tantos detalhes do crime, dos assassinos, dos personagens, o público fica entusiasmado por querer saber o que mais revelará as próximas páginas.
          
Mesmo com a brutalidade do caso e o grande interesse de Capote por saber os motivos pelos quais os assassinos cometeram tal crime, chegando ao ponto de contratar advogados para manter os homicidas vivos, a ironia das palavras e a apuração detalhada faz o livro ser uma obra ambiciosa, mudando os parâmetros entre relato jornalístico e relato ficcional.


A SANGUE FRIO
AUTOR: TRUMAN CAPOTE
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
PÁGINAS: 440

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